Não mate baratas

Quando uma barata é golpeada por um certeiro chinelo (havaianas, kenner ou qualquer outro), ela se espatifa toda no chão. Algumas vezes ela ainda fica viva, então persista nas chineladas, até ela literalmente ficar em pedaços.

É aí que mora o perigo. Baratas são seres vindos do Inferno, conhecidos como Fire Imps em algumas culturas, pois além de serem vermelhas ou amarronzadas, não morreriam sequer com uma explosão de bomba atômica, cujo calor queima até japoneses.

Mas voltando ao poder da chinelada, a barata, ao ser achatada, libera sulfeto de hidrogênio (H2S), um gás conhecido por suas características venenosas. Porém o único lugar onde o sulfeto de hidrogênio é encontrado em estado líquido é no interior de uma barata. Ele corresponde a 35% de todos os fluidos corporais de uma barata, pois serve de componente do plasma baratóide, além de ter outra função completamente desconhecida até últimas pesquisas: é por meio do sulfeto de hidrogênio que as baratas se reproduzem.

Depois de milhares de anos (talvez até milhões) sendo massacradas por pedras, pés, vassouras, chinelos, tênis etc., as baratas da espécie Periplaneta australasiae estão sofrendo mutações genéticas, fazendo com que, junto com o sulfeto de hidrogênio liberado, sejam expelidos ovos microscópicos. Na verdade esses ovos são células com características semelhantes a um espermatozóide humano e de embriões de anfíbios.

A reprodução se daria desta maneira (ver imagem abaixo): após ser esmagada, o sulfeto de hidrogênio escorreria pelo chão, juntamente com as células ovóides da barata morta. O líquido infiltraria a superfície, levando os ovos a uma profundidade de 4 a 10 centímetros, dependendo do terreno. Após 3 semanas sendo nutridos pelo sulfeto de hidrogênio e pela umidade do solo, as células ovóides tornariam-se larvas, ainda microscópicas, mas agora do tamanho de ácaros, que subiriam ao solo e depois permaneceriam alimentando-se de poeira e outros seres (como os ácaros já citados).

Sulfeto de hidrogênio representado em preto.

Apesar de milhões de ovos serem expelidos por uma barata morta, raramente uma larva consegue sobreviver até o estágio adulto, tornando-se uma barata de aproximadamente 2 cm. Até mesmo testes em laboratórios, sob condições ideais, não mais de 2 larvas completaram o ciclo de desenvolvimento. Os cientistas responsáveis acreditam que isso ocorra pois o fenômeno de reprodução por sulfeto de hidrogênio é inédito na natureza, e ainda não está completamente adaptado. Eles ainda alertam que a população mundial não mate mais baratas com o tradicional esmagamento, mas recorra a inseticidas feitos à base de água.

A fonte, com fotos da tentativa de reprodução em laboratório e maiores explicações dos fatos, se encontra no seguinte endereço:

Clique para acessar o periplane.pdf